Não há barulho suficiente
Que possa acordar
Uma mente inconsciente
Que só queira sonhar.
Não me chega ser dormente,
Não quero mais cá ficar
Nesta névoa indiferente,
Em neblina a divagar.
Dizes-te humano, evoluído,
Não és mais que animal,
Nesse trono pretendido
Está a tua queda abismal.
A vida é feita de mudança,
Em cima de uma constante
Chama que não se cansa,
E ao vento arde deleitante.
Os sentidos consomem
Os elementos como sendo seus;
Para quê seres homem,
Pára e sê deus.
Monday 31 October 2016
Sunday 30 October 2016
Nas bruxuleantes estradas
Nas bruxuleantes estradas
Que contornam o colosso adormecido,
Ouve-se ecos de vozes de fadas,
Entoando no espaço escurecido.
A magia encantada,
Que dos poros da terra emana,
Cobre a carne petrificada,
Semi-virgem, pré-urbana.
Por suaves montes abraçada
Ventre dócil, verdejante,
Pela noite velha enfeitiçada
Navega rumo a levante.
Encostas sinuosas
Fecundas e a fervilhar,
Viris coxas rochosas
Que parem o mar.
Pedra cantante
Negra pérola a brilhar,
Húmida, apaixonante
Mansão do sonhar.
Que contornam o colosso adormecido,
Ouve-se ecos de vozes de fadas,
Entoando no espaço escurecido.
A magia encantada,
Que dos poros da terra emana,
Cobre a carne petrificada,
Semi-virgem, pré-urbana.
Por suaves montes abraçada
Ventre dócil, verdejante,
Pela noite velha enfeitiçada
Navega rumo a levante.
Encostas sinuosas
Fecundas e a fervilhar,
Viris coxas rochosas
Que parem o mar.
Pedra cantante
Negra pérola a brilhar,
Húmida, apaixonante
Mansão do sonhar.
Wednesday 26 October 2016
Tenho um mundo no estômago
Hoje estou a sentir tudo,
Tenho um mundo no estômago,
O coração não fala, está mudo,
Passam-me lâminas no âmago.
A fricção do vento no ar,
A grossura do nevoeiro,
O som da semente a germinar,
Sinto tudo por inteiro.
A lua ao passar
Pelas casas do céu,
Tende a revelar
O que se esconde por baixo do véu.
E por falta de iluminação
Nos negros recantos do meu ser,
Vivo nesta escravidão,
Vivo um falso viver.
Tenho um mundo no estômago,
O coração não fala, está mudo,
Passam-me lâminas no âmago.
A fricção do vento no ar,
A grossura do nevoeiro,
O som da semente a germinar,
Sinto tudo por inteiro.
A lua ao passar
Pelas casas do céu,
Tende a revelar
O que se esconde por baixo do véu.
E por falta de iluminação
Nos negros recantos do meu ser,
Vivo nesta escravidão,
Vivo um falso viver.
Tuesday 25 October 2016
A um passo além do aborrecimento
A um passo além do aborrecimento
Esconde-se um campo luminoso,
E só quem se entrega a tal tormento,
É quem colhe fruto delicioso.
Não existe apenas um só caminho
Que revele o seu alto portão,
Não, não! Beba-se vinagre, água ou vinho!
Tudo aponta para a sua direcção.
Mas por obra da distracção,
O alvo é constantemente ignorado
Embora entregue a abandono e a ilusão
Permanece uno, vero, imaculado.
É no encalce do sangue pulsante,
É dentro da chuva e do vento,
É neste breve instante
Onde sustenta-se este eterno movimento.
Esconde-se um campo luminoso,
E só quem se entrega a tal tormento,
É quem colhe fruto delicioso.
Não existe apenas um só caminho
Que revele o seu alto portão,
Não, não! Beba-se vinagre, água ou vinho!
Tudo aponta para a sua direcção.
Mas por obra da distracção,
O alvo é constantemente ignorado
Embora entregue a abandono e a ilusão
Permanece uno, vero, imaculado.
É no encalce do sangue pulsante,
É dentro da chuva e do vento,
É neste breve instante
Onde sustenta-se este eterno movimento.
Monday 24 October 2016
Farsa
É tanta a censura
Que contamina a minha mente,
Que qualquer ideia pura
É estigma de loucura
Ameaça eminente.
Na torre do medo
Donde reina impiedosa,
Tece esse negro enredo
E lança de seu penedo,
A dúvida venenosa.
E como as águas de um rio
Que por entre as mãos passam,
O momento fluiu,
O agora desistiu,
E os ventos da mudança pouco ameaçam.
E o novelo do tempo desenlaça,
E a pele fica ressequida,
E por mais anos que eu beba da taça,
Sem conseguir despir a mental farsa,
De que terá servido esta vida?
Que contamina a minha mente,
Que qualquer ideia pura
É estigma de loucura
Ameaça eminente.
Na torre do medo
Donde reina impiedosa,
Tece esse negro enredo
E lança de seu penedo,
A dúvida venenosa.
E como as águas de um rio
Que por entre as mãos passam,
O momento fluiu,
O agora desistiu,
E os ventos da mudança pouco ameaçam.
E o novelo do tempo desenlaça,
E a pele fica ressequida,
E por mais anos que eu beba da taça,
Sem conseguir despir a mental farsa,
De que terá servido esta vida?
Sunday 23 October 2016
Poção
É tão simples quanto isto:
É um abrigo para me esconder,
É andar no mundo sem ser visto.
Longe do radar
Fora do registo,
Nesse gesto de criar
Perco-me, não existo.
Ao cheirar essa poção
Que borbulha sobre o lume,
Incha-me o coração
Inebrio-me com o perfume,
E o transe que me guia
Pelo espaço interior
Mostra-me aquela magia
Que faz ouro disfarçar-se de dor.
Neste mundo encantado,
Nesta bela miragem
Sou um mero convidado
Que descansa da viagem.
Thursday 13 October 2016
Abraço
Não deixes que o medo
Polua o teu amor,
Não há tarde nem há cedo
Na lei do criador.
Pára de controlar,
Deixa ir!
O coração bate sem o pensar,
O sangue não pede o fluir.
O ferro vai a temperar
Ao beijo de chama pura;
É governando os espíritos do ar
Que a águia ganha altura.
Solta a tua criança
Num só acto disperso:
Ei-lo abraço que alcança
Todo o universo!
Polua o teu amor,
Não há tarde nem há cedo
Na lei do criador.
Pára de controlar,
Deixa ir!
O coração bate sem o pensar,
O sangue não pede o fluir.
O ferro vai a temperar
Ao beijo de chama pura;
É governando os espíritos do ar
Que a águia ganha altura.
Solta a tua criança
Num só acto disperso:
Ei-lo abraço que alcança
Todo o universo!
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